SAPOTACEAE

Pouteria macahensis T.D.Penn.

Como citar:

Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2019. Pouteria macahensis (SAPOTACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

188.203,247 Km2

AOO:

176,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Alves-Araújo et al., 2019), com ocorrência nos estados: ALAGOAS, municípios de Feliz Deserto (Rodrigues 827) e Piaçabuçu (Esteves 1841); BAHIA, municípios de Itacaré (Harley 18440), Jandaíra (Matos 177), Maraú (Carvalho 1389), Porto Seguro (Daneu 261), Santa Cruz Cabrália (Vivas 132), Una (Sant'Ana 803) e Uruçuca (Thomas 8513); ESPÍRITO SANTO, municípios de Linhares (Siqueira 418) e Santa Teresa (Thomaz 909); PERNAMBUCO, município de Tamandaré (Macedo 548); RIO DE JANEIRO, municípios de Casimiro de Abreu (Pessoa 1097), Nova Friburgo (Glaziou 18353), Saquarema (Farney 3234) e Silva Jardim (Lima 4614); SERGIPE, Areia Branca (Landim 711), Barra dos Coqueiros (Amaral 36), Estância (Prata 2687), Itabaiana (Rodrigues 204), Itaporanga D'ajuda (Campos 232) e Santa Luzia do Itanhy (Carneiro 452).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Critério: B2ab(i,ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de 15 m, endêmica do Brasil (Alves-Araújo et al., 2019). Popularmente conhecida como massaranduba, massaranduba-mirim, abiu-de-macaé, entre outros, foi documentada em Restinga arbórea associada a Mata Atlântica nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Sergipe e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição restrita à região costeira, especificidade a habitat severamente fragmentado e AOO=172 km². A forte especulação imobiliária, extração de areia e turismo predatório têm contribuído fortemente para fragilização de ambientes de Restinga onde a espécie ocorre (Rocha et al., 2007). A pressão imposta por estas atividades, além do avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico, resultam em processo contínuo de degradação, colocando em risco espécies da flora neste ecossistema (Rocha et al., 2007). Atualmente, estima-se que a cobertura vegetal remanescente da Região dos Lagos (RJ) seja menor que 10% do seu original (SOS Mata Atlântica, 2018). Embora atuantes, tal cenário deixa claro que as Unidades de Conservação até então existentes, não foram capazes de deter a forte pressão antrópica sobre os ambientes, especialmente pelas ações ligadas à especulação imobiliária e à indústria do turismo (Carvalho, 2018). A maior parte da Mata Atlântica nordestina foi destruída devido a práticas agrícolas (Silva e Tabarelli, 2000,2001), que criaram uma matriz não florestal de campos de pastagem e plantações de cana-de-açúcar. No Sergipe, estima-se que 46% do território seja composto por áreas de pastagem (Lapig, 2018). Com exceção de Barra Dos Coqueiros (para o qual não foi encontrada informação), todos os municípios onde P. macahensis ocorre apresentam percentual significativo do seu território convertido em pastagem (Lapig, 2018). Assim, mesmo ocorrendo dentro dos limites de áreas protegidas bem consolidadas, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO e na qualidade e extensão do habitat. Assim, P. macahensis foi considerada "Em perigo" (EN) de extinção novamente. Recomenda-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.

Último avistamento: 2016
Quantidade de locations: 8
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada como "Em perigo de extinção" (EN) na lista vermelha da IUCN (WCMC, 1998). Posteriormente, avaliada pelo CNCFlora/JBRJ em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em perigo de extinção" (EN) na Portaria 443 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após cinco anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2011 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Flora Neotropica, Monograph 52:: 321. 1990. (Pennington, 1990). Popularmente conhecida como Massaranduba, massaranduba-mirim (Pennington, 1990), abiu-de-macaé (Santos, 2017), Bapeba (Thomas 8715) na Bahia e Ripeira branca (Folli 6363) no Espírito Santo.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree, subshrub
Longevidade: unkown
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Restinga, Campo Rupestre, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Vegetação de Restinga
Habitats: 3.5 Subtropical/Tropical Dry Shrubland
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvores em média de 15 m de altura e 15 cm de diâmetro (Pennington, 1990). Produz com látex branco pegajoso (Lira 548). Possui distribuição restrita à região litorânea do Brasil que segue de Pernambuco ao norte até Rio de Janeiro ao sul. Ocorre em vegetação de restinga no domínio da Mata Atlântica (Alves-Araújo et al., 2019).
Referências:
  1. Pennington, T. D. 1990. Flora neotropica. Monograph 52. Sapotaceae. New York Botanical Garden for the Organization for Flora Neotropica.
  2. Alves-Araújo, A., Faria, A.D., Ribeiro, J.E.L.S., Monteiro, M.H., 2019. Pouteria in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB14510>. Acesso em: 25 Jul. 2019

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Ecosystem/community stresses 5.1.2 Unintentional effects (species being assessed is not the target) habitat present,future regional medium
A carcinicultura predatória em manguezais e restingas, vem substituindo a atuação da população tradicional, por exemplo, que vive da catação de caranguejos. O crescimento de tais empreendimentos, é capaz causar forte desequilíbrio em grandes áreas manguezais e restinga e levar desaparecendo desses ecossistemas na Mata Atlântica (Dias, 2013).
Referências:
  1. Dias, H.M. 2013. Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável: a interdisciplinaridade das ações ambientais como proposta de inclusão social. AMBIENTE & EDUCAÇÃO 18: 37–58.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present national high
No Sergipe, estima-se que 46% de seu território seja composto por áreas pastagem (Lapig 2018). Com excessão de Barra Dos Coqueiros (para o qual não foi encontrada informação), todos os municípios onde a espécie P. macahensis ocorre apresentam um percentual significativo do seu território convertido em pastagem (Areia Branca (5%), Estância (28%), Itabaiana (45%), Itaporanga d'Ajuda (21%) e Santa Luzia do Itanhy (10%))(Lapig, 2018). No passado, a Fazenda Muribeca, que abrangia o sul do Espírito Santo e norte do estado do Rio de Janeiro, era considerada a maior propriedade pecuarista do Brasil e se configurava como um importante elemento de interação da fronteira Espírito Santo-Rio de Janeiro, de forma a otimizar um trânsito populacional e financeiro constante na região. Além da pecuária, produzia-se cana-de-açúcar, mandioca e pescados (Plano de Desenvolvimento: Presidente Kennedy, 2018). Segundo a classificação de uso do solo, atualmente o pasto ocupa a maior parte da área dos municípios na região sul do Espirito Santo (SEAMA 2018). A região Noroeste Fluminense a agropecuária (pecuária leiteira) é a principal atividade econômica. A pecuária é extensiva, com a estrutura fundiária concentrada e uso inadequado do solo. Além disso, nesta região o longo período de atividades agropecuárias, o uso regular de fogo e mecanização intensiva resultou em elevado grau de degradação dos solos e, por conseguinte, na decadência sócio-econômicada da região, na qual as atividades de uso atual das terras são pastagens degradadas (Gama-Rodrigues & May, 2001). Na região do Parque Nacional do Monte Pascoal na Bahia, o assentamento de índios Pataxós sobre as formações de restinga, ecossistema principal de ocorrência da espécie), o cultivo de mandioca e pastejo de gado configuram impactos diretos a biodiversidade local (Biodiversitas, 2005).
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 21 de novembro de 2018).
  2. Plano de Desenvolvimento: Presidente Kennedy. Disponível em <http://www.portocentral.com.br/wp-content/uploads/2018/07/Livro-para-o-site.pdf> Acesso em 04 de dezembro de 2018.
  3. SEAMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2018. Atlas da Mata Atlântica do Espírito Santo: 2007-2008/2012-2015. Sossai, m.F. (coord.). Cariacica, ES.
  4. Gama-Rodrigues, A.C., May, P., 2001. Sistemas agroflorestais e o planejamento do uso da terra: Experiência na região norte fluminense, RJ. In: Macêdo, J.L.V., Wandelli, E.V. & Silva Júniro, J.P., orgs. Sistemas agroflorestais: Manejando a biodiversidade e compondo a paisagem rural. Manaus, Embrapa, p.130-136.
  5. BIODIVERSITAS. Lista da flora brasileira ameaçada de extinção, 2005.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1 Residential & commercial development habitat,occurrence present,future regional very high
A forte especulação imobiliária, extração de areia e turismo predatório tem contribuído fortemente para fragilização de ambientes de restinga, configuram o ecossistema principal onde a espécie ocorre (Rocha et al., 2007). A pressão imposta por estas atividades juntamente a atuação de outros fatores de ameaça, tais como avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico, resultam em processo contínuo de degradação, colocando em risco espécies da flora e da fauna neste ecossistema (Rocha et al., 2007). Atualmente, estima-se que a cobertura vegetal remanescente da Região dos Lagos seja menor que 10% do seu original (SOS Mata Atlântica, 2018). Embora atuantes, tal cenário deixa claro que as unidades de Conservação até então existentes, não foram capazes de deter a forte pressão antrópica sobre os ambientes, especialmente pelas ações ligadas à especulação imobiliária e à indústria do turismo (Carvalho, 2018),
Referências:
  1. Rocha, C.E.D., Bergallo, H.G., Van Sluys, M., Alves, M.A.S., Jamel, C.E., 2007. The remnants of restinga habitats in the Brazilian Atlantic Forest of Rio de Janeiro state, Brazil: Habitat loss and risk of disappearance. Brazilian Journal os Biology 67(2): 263-273
  2. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.
  3. Carvalho, A.S.R., Andrade, A.C.S., Sá, C.F.C, Araujo, D.S.D., Tierno, L.R., Fonseca-Kruel, V.S., 2018. Restinga de Massambaba: vegetação, flora, propagação, usos. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ. 288p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat,mature individuals past,present,future regional very high
As imagens de satélite mostram o litoral de Sergipe, o litoral norte e boa parte do litoral sul da Bahia cobertos por extensas áreas de cultura de coqueiro (Cocos nucifera), uma planta introduzida inicialmente na Bahia pelos portugueses no século XVI, que se espalhou rapidamente por todo litoral do nordeste brasileiro (Siqueira, Aragão e Tupinambá 2002). As restingas e as florestas de baixada da Bahia e Sergipe estão sendo drasticamente devastadas para ceder lugar às plantações de coqueiro (M. Gomes com. pess.).
Referências:
  1. Siqueira, L.A., Aragão, W.M., Tupinambá, E.A. 2002. A introdução do coqueiro no Brasil. Importância histórica e agronômica histórica e agronômica. (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 47). Disponível em http//www.cpatc.embrapa.br

Ações de conservação (5):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como "Em perigo de extinção" (EN) na lista vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998).
Referências:
  1. Pires O'Brien, J., 1998. Pouteria macahensis. The IUCN Red List of Threatened Species 1998: e.T35858A9962644. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T35858A9962644 (Acesso em 24 de setembro de 2019).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como "Em Perigo" (EN) ,e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2014. Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
3.2 Species recovery on going
A espécie é encontrada em viveiros de mudas para reflorestamento no Espírito Santo (Sodré, 2006).
Referências:
  1. SODRÉ, L. L. Diversidade de espécies de mudas de árvores nativas de mata atlântica em viveiros do estado do Espírito Santo. 2006. 52 f. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal)-Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2006.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada na ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL COSTA DE ITACARÉ/ SERRA GRANDE (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO SÃO JOÃO - MICO LEÃO (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA MARITUBA DO PEIXE (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE GUADALUPE (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE MACAÉ DE CIMA (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE MASSAMBABA (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE PIAÇABUÇU (US), PARQUE ESTADUAL DA COSTA DO SOL (PI), PARQUE NACIONAL DA SERRA DE ITABAIANA (PI), RESERVA BIOLÓGICA DE POÇO DAS ANTAS (PI), RESERVA BIOLÓGICA DE UNA (PI), PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA (PI), ESTAÇÃO BIOLÓGICA DE SANTA LÚCIA (PI) e RPPN ESTAÇÃO VERACEL (US).
Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Itororó - TER35, Território Rio de Janeiro - TER32 e Território Espirito Santo - TER33.